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DUNAS MAR FM 87,9
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Estudo mostra como 6 anticorpos interagem
exclusivamente com o vírus.
Descoberta
pode ajudar no desenvolvimento de vacinas contra a doença.
Pesquisadores dos Estados Unidos identificaram
anticorpos em ratos que neutralizam o vírus da zika e podem prevenir uma
infecção pelo vírus, segundo estudo publicado nesta quarta-feira (27) na
revista científica americana "Cell".
Esta descoberta representa um passo importante para
desenvolver uma vacina, assim como um melhor exame de diagnóstico da doença e,
potencialmente, novas terapias baseadas nesses anticorpos, afirmaram os
cientistas da equipe que realizou o pesquisa, da Escola de Medicina da
Universidade de Washington, em St. Louis (Missouri).
O estudo mostra como seis anticorpos interagem
exclusivamente com o vírus da zika, e não com outros da mesma família, como o
da dengue.
"Alguns desses anticorpos são capazes de neutralizar
as cepas africana, asiática e americana do vírus zika, aproximadamente no mesmo
grau", disse o principal autor do estudo, Daved Fremont, professor de
patologia e imunologia.
Isso significa que uma só vacina poderia proteger contra
todas as cepas do zika no mundo, acrescenta.
Estes anticorpos poderiam provocar uma reação
imunológica contra o zika, segundo Fremont, o que sugere a possibilidade de
criar uma vacina a partir de apenas uma proteína viral cultivada, mais do que
com o vírus inteiro.
Ao contrário da maioria das pessoas, as grávidas não
podem receber vacinas feitas a partir de vírus vivos, porque a gravidez suprime
o sistema imunológico da mulher, de modo que uma pequena quantidade de vírus
pode deixá-la doente.
Encontrar uma forma de vacinar as grávidas é
fundamental, visto que o zika pode causar malformações congênitas graves em
fetos de mulheres infectadas pelo zika, como a microcefalia, que se caracteriza
por um desenvolvimento insuficiente do cérebro.
Novas pesquisas com vacinas em ratos não devem ser
úteis, uma vez que estes obtém os anticorpos das suas mães principalmente após
o nascimento. Em mulheres grávidas, os anticorpos protetores da mãe atravessam
diretamente da placenta para o feto.
Os anticorpos terão de ser adaptados, e ensaios clínicos
provavelmente terão que ser feitos com primatas antes de que as vacinas possam
ser testadas em seres humanos.
Corrida
pela vacina
Atualmente não existe nenhuma vacina para prevenir uma
infecção pelo zika, um vírus que foi detectado pela primeira vez em 1947, em
Uganda, mas que nos últimos anos se propagou por toda a América do Sul e
Central e pela região do Caribe.
Entretanto, o potencial nocivo da zika – especialmente
sua associação ao nascimento de bebês com microcefalia e outros problemas
neurológicos – tornou-se conhecido há menos de um ano. Já existem dezenas de
cientistas no Brasil e no mundo focados em desenvolver uma vacina capaz de
combater essa ameaça. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 35
projetos de pesquisa em andamento, evolvendo 21 instituições, em busca de uma
vacina contra o vírus.