Os recursos do deputado
cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) continuam bloqueados nos bancos da Suíça e o
ex-parlamentar não poderá movimentar o dinheiro até que haja uma definição
sobre os processos que ele enfrenta na Justiça brasileira.
Os
ativos, porém, apenas voltarão ao Brasil se Cunha for condenado, se houver uma
decisão de um tribunal ou se um acordo de delação premiada estipular a
devolução dos recursos, como ocorreu no caso de ex-diretores da Petrobras.
Em
Berna (capital da Suíça), a Procuradoria não informa os valores mantidos por
Cunha. Mas o Ministério Público do país confirma que os ativos continuam
congelados. No final de outubro de 2015, o ministro Teori Zavascki determinou o
pedido de transferência do dinheiro da Suíça para o Brasil, em um volume de
cerca de 2,5 milhões de francos suíços (R$ 8,6 milhões).
No total, os suíços já
bloquearam cerca de US$ 800 milhões em mais de mil contas relacionadas com
ex-diretores da Petrobras, políticos brasileiros, executivos de construtoras e
operadores. Mais de 40 bancos suíços estão implicados, num dos maiores casos de
corrupção já investigado em Berna.
Cunha renunciou ao cargo de presidente da Câmara dos
Deputados e, nesta segunda-feira (12), teve o mandato cassado. Entretanto, a perda não
muda sua condição legal na Suíça.
Para
que o dinheiro volte aos cofres públicos, uma possibilidade é de que haja um
eventual acordo de delação premiada e, no pacto, Cunha aceite devolver o
montante.
A
outra opção é de uma condenação final. Cunha é réu em uma ação penal no Supremo
Tribunal Federal (STF), além de responder a uma denúncia e a três outros
inquéritos em investigações relacionadas com a Operação Lava Jato. "Apenas
depois de uma sentença de confisco definitivo é que os ativos podem ser
devolvidos ao Brasil", explicou o MP suíço.
Para isso, porém, o
próprio Cunha teria de ser condenado. "Os ativos continuam congelados até
uma decisão válida de autoridades brasileiras ou sua liberação por uma corte
brasileira", diz o MP.
Ao
jornal "O Estado de S. Paulo", o Ministério Público da Suíça
confirmou que as contas de Cunha estão congeladas desde abril de 2015, quando o
brasileiro passou a ser investigado por lavagem de dinheiro e corrupção, e que
não existe decisão de uma liberação.
No
final de 2015, o Ministério Público da Suíça afirmou que transferiu ao Brasil,
"de forma definitiva", todos os documentos e detalhes de contas
bancárias encontradas em nome do ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Cunha
chegou a abrir um processo na Justiça suíça para impedir o envio da
documentação e, à reportagem, revelou que se colocou à disposição para explicar
aos suíços a origem dos recursos. Mas, em duas instâncias diferentes, foi
derrotado.
Assim,
a investigação criminal foi transferida de forma definitiva às autoridades
brasileiras e, segundo os suíços, todas as contas e movimentações descobertas
relacionadas com Cunha estavam no pacote enviado ao Brasil. Os papéis também
traziam detalhes das contas de sua mulher e filha. Ele nega e aponta que era
apenas usufrutuário dos valores.
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